Universidade Federal de Ouro
Preto - UFOP
Projeto de Estímulo à Docência Interdisciplinar
História, Literatura e Cultura Africana e
Afro-brasileira
GUINÉ
BISSAU: UM OLHAR INTERDISCIPLINAR SOBRE A PERSPECTIVA DOS BALANTAS.
Christineide
Ferreira Lemos Nakagawa
Edgleice
Santos da Silva
Felipe
Datti Dias
Gislaine
Maria Antunes Barbosa
Nathália
Pereira de Araújo
“Enegrecer o mundo, eis o nosso
motivo. Enegrecer não como antônimo de embranquecer, portanto, não
para absorver o branco.
Enegrecer, maneira própria de os
negros se porem no mundo ao receberem o mundo em si.
Enegrecer face a face em que
negro e branco se espelham, se comunicam, sem deixar de ser cada um o
que é.” (SILVA, P. 1987, p.147)
Introdução
A
Escola Estadual Dom Benevides está situada na Praça Dom Benevides,
número 23 no centro da cidade de Mariana, seu centenário foi
comemorado no ano de 2009. Situada inicialmente no prédio da Câmara
Municipal foi a primeira escola da cidade inaugurada pelo nome com
“Grupo Escolar de Mariana” localizada na Praça Minas Gerais. Em
2012, atendia cerca de 350 alunos, do ensino infantil ao ensino médio
e sua nota do IDEB - Índice de Desenvolvimento da Escola Básica- de
3,2 os que é considerada uma baixa nota pelos órgão do Governo
Federal.
Com
uma história muito especial, por ser um patrimônio histórico da
cidade, é fonte de pesquisas também por parte dos professores da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mesmo sendo uma escola
central, parte significante do seu corpo discente é oriunda de
bairros mais distante do centro e totalmente discriminada por parte
da população de Mariana. Vários estigmas cerceiam a escola, e
esses foram um dos motivos da escolha da coordenadoria em trabalhar
em especificamente neste local.
A
proposta deste projeto é desmistificar alguns estereótipos criados
pela sociedade brasileira sobre o povo negro no Brasil e na África,
com base em documentos como: as Leis de Diretrizes e Bases (LDB),
fomentada em 1996 que teve uma alteração da qual resultou a Lei
10.639/2003; tornando obrigatório o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana em todos os níveis da educação. Tendo
como apoio também as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História
e Cultura Afro-Brasileira e Africana, pretendemos abordar questões
relacionadas à identidade dos alunos, posto que a escola é
composta, em sua maioria de alunos negros, vê-se a importância
dessa ação de forma mais urgente.
Para
aproximar os alunos do continente africano, procuraremos trabalhar
com a etnia Balanta1
de Guiné Bissau que foi escolhida por ser um símbolo de resistência
contra a colonização Portuguesa, fazendo sempre um paralelo com as
características que nos difere, mas principalmente que nos
assemelha, mostrando os aspectos positivos da história do povo
negro. Procurando assim, despertar os alunos para uma nova
perspectiva, ampliando o que os livros didáticos atuais apresentam.
Objetivo
Geral:
Apresentar as características da
África, (especificamente de Guiné-Bissau), através da etnia
Balanta daquilo que herdamos e que conseguimos identificar em nossa
cultura.
Objetivos
Específicos:
- Estabelecer conexões entre a Lei 10639/03 e a prática escolar quando esta se refere a obrigatoriedade do ensino de África nas escolas;
- Trabalhar a memória e identidade dos Balantas por meio dos signos corporais tais como nos rituais, língua e linguagem;
- Divulgar a cultura Balanta hábitos alimentares, religião, calendário, lazer, etc.
- Introduzir e analisar as artes, seus significados e utilidades;
- Destacar algumas personalidades na sociedade guineense;
Justificativa
Estudar
o continente africano de um modo geral é uma tarefa muito complexa,
pois este território é composto por uma imensa diversidade
cultural. Sendo assim, decidiu-se abordar uma etnia localizada em
Guiné Bissau. A partir de uma análise mais aprofundada, iremos
destacar algumas questões principais como: contato com os europeus,
organização política e social, cultura, religião, arte (dança,
música, educação, artes plásticas etc.), literatura e linguagem.
Há
uma dificuldade nas salas de aula em tratar do tema
África/africanos/afro-brasileiro. Através do estudo de uma etnia,
traçaremos um caminho para tentar compreender tais temas e a
dinâmica deste imenso continente. O PIBID-PED História, Cultura e
Literatura Africana e Afro-brasileira se propõem a ser uma
ferramenta que auxilia a escola a cumprir a Lei 10.639/03 que torna
obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e africana, uma vez
que outrora;
(...)
O Decreto nº 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia que nas
escolas públicas do país não seriam admitidos escravos, e a
previsão de instrução para adultos negros dependia da
disponibilidade de professores. O Decreto nº 7.031-A, de 6 de
setembro de 1878, estabelecia que os negros só podiam estudar no
período noturno e diversas estratégias foram montadas no sentido de
impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares.
A
escolha da Escola Estadual Dom Benevides se deu por possuir um
estigma negativo dentro da sociedade marianense. O fato de possuir
uma grande porcentagem de estudantes negros, moradores da periferia e
ainda, de esses estudantes não terem consciência de sua negritude,
tese comprovada através de diagnóstico que foi resultado do
questionário formulado e aplicado pelo grupo PIBID-PED AFRO aos
estudantes dessa escola. Comprovamos que a escola ainda não
conseguiu se adequar para o cumprimento da Lei, o qual deve ser
exigido pela suma importância para o real funcionamento da “educação
que promova o ser humano na sua integridade, estimulando a formação
de valores, hábitos e comportamentos que respeitem as diferenças e
as características próprias dos grupos e minorias”(LDB). Pensando
em democracia logo nos voltamos para articulação entre direitos e
deveres para a construção do bem comum, ou seja, a vontade
coletiva. Isto consecutivamente cria uma cultura própria dentro da
escola tornando-a mais orgânica e natural, não precisando ser
imposta de fora para dentro, assim a comunidade escolar se sente mais
a vontade, o estudante desenvolve habilidades específicas, cria a
capacidade de tomar decisões compartilhadas2.
Fica
clara a importância de uma gestão democrática e participativa de
toda a comunidade escolar decreta no artigo 3º da LDB nos incisos:
VIII
- gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX
- garantia de padrão de qualidade;
X
- valorização da experiência extra-escolar;(...)
A população negra historicamente enfrenta dificuldades para o
acesso e a permanência nas escolas. De acordo com a Constituição
de 1988, Art. 205: “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Este artigo da constituição dialoga com a proposta do PIBID Afro
que tem como um dos objetivos o intercâmbio entre a comunidade da
cidade e a comunidade escolar, visando assim universalizar a educação
minimizando as dificuldades daquelas populações em relação à
escola. O parecer do
DCN´s (Diretrizes Curriculares Nacionais) para a educação das
relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana
Destina-se, também,
às famílias dos estudantes, a eles próprios e a todos os cidadãos
comprometidos com a educação dos brasileiros, para neles buscarem
orientações, quando pretenderem dialogar com os sistemas de ensino,
escolas e educadores, no que diz respeito às relações
étnico-raciais, ao reconhecimento e valorização da história e
cultura dos afro-brasileiros, à diversidade da nação brasileira,
ao igual direito à educação de qualidade, isto é, não apenas
direito ao estudo, mas também à formação para a cidadania
responsável pela construção de uma sociedade justa e democrática.
Alguns trabalhos e pesquisas
divulgados nos meios de comunicação vêm mostrando que o racismo em
nossa sociedade tem como um de seus resultados o fracasso escolar de
alunos e alunas negras. Numa tentativa de minimizar essa realidade, a
Lei 10639, em 9 de janeiro de 2003, instituiu uma alteração na LDB
e incluiu no currículo oficial a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-brasileira” na grade de formação dos
alunos das escolas.
Com a conquista da Lei pelo
Movimento Negro, este vem apresentando propostas teóricas e
pedagógicas, proporcionando a escola e professores elaborarem
projetos de estímulos às ações afirmativas negras, valorizando
sua história e cultura. O Governo procura apoiar esse movimento e
incluiu, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como uma data
comemorativa. Um ponto de conflito seria a forma como se comemora
essa data, levando em consideração a consistência e envolvimento
dos atores da Escola. Isso pode ser constatado com a simples
pergunta: o que se comemora no dia 20 de novembro? Embora algumas
datas sejam fortemente lembradas, principalmente através do
comércio, como o caso do natal, páscoa, dia das crianças e das
mães, o “Dia da Consciência Negra” é um dia que não gera
lucro financeiro e que, talvez por isso, seu apagamento.
Um apoio aos universitários são
os NEABs (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros), que tratam de
assuntos afirmativos e que buscam políticas antidiscriminatórias e
antirracistas e disseminam, entre os estudantes, sementes na intenção
de frutos pedagógicos que promovem a formação de professores no
cumprimento das diretrizes. A Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) é a pioneira com o projeto do PIBID, vinculado ao NEAB e à
PROGRAD-UFU voltado para a temática História e Cultura
Afro-brasileira, sendo também interdisciplinar e atuando nas escolas
estaduais e municipais da cidade. Trabalhando desde 2010,
inicialmente com dificuldades de adentrar com esse tema em algumas
escolas, mas agora já com resultados positivos na comunidade, Guimes
Rodrigues Filho, coordenador do projeto ressalta alguns pontos dessa
experiência;
A sensibilização
deu consistência para o reconhecimento e reflexões sobre o
preconceito racial presente no ambiente escolar tanto para os
bolsista do PIBID, em maior grau como para os discentes da escola. As
sensibilizações foram transportadas para as salas de aula onde os
alunos produziram textos falando sobre a mesma. O resultado geral foi
que os alunos compreenderam que existe uma prática de racismo no
cotidiano escolar.(...) Outro resultado relevante foi a reflexão
crítica sobre o papel da universidade na formação dos futuros
profissionais da educação feita pelos bolsistas discentes. Nesse
sentido, foi destacado que no PIBID há a oportunidade real de se
construir um plano de ação pedagógica a partir do conhecimento da
realidade da escola, já que o Estágio Supervisionado é uma prática
restrita à sala de aula. p. (ANAIS DO II SEMINÁRIO DE
ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES DO PIBID/UFU)
Esses resultados positivos
apresentados pelos envolvidos no PIBID-UFU demonstra a importância
desse projeto também ser inseridos na cidade de Mariana. Onde a
comunidade escolar é composta por uma maioria de alunos negros, o
qual também encontrará os estigmas identificados pelo grupo da UFU.
A
Historiografia sobre a África é muito extensa atualmente,
principalmente em países como os Estados Unidos e França e países
do continente Africano. No Brasil, o governo já disponibilizou
cursos gratuitos para professores da rede pública, para que esse
conhecimento seja revertido nas salas de aula. As religiões
institucionalizadas são um dos fatores que dificultam o trabalho de
alguns professores na desmistificação da visão deturpada que ao
longo de anos, formaram o pensamento do brasileiro. Não é rara a
confusão que ocorre principalmente quando se tenta explicar as
filosofias africanas (que são muitas, dito que o continente é
extenso e multicultural), pois esses se confrontam com os valores
morais inculcados na nossa sociedade. 3
Essa
visão europeia perpetuada no Brasil faz com que a cultura africana e
suas influências na nossa sociedade sejam marginalizadas, a Lei
justamente foi disposta com o propósito de trazer uma relação mais
abrangente com esse continente ao qual temos identificação nata.
Podemos colocar
também em questionamento se em uma época onde nos deparamos com
tantos aparatos tecnológicos, o uso do livro didático (inicialmente
idealizado por Comenius, Didática Magna [1631], que serviu para
atender uma necessidade da sua época), se faz realmente
indispensável. Porém, é esse o modelo que ainda é utilizado em
nosso país. Ao analisarmos os livros didáticos (mesmo depois da
vigência da Lei), podemos constatar que o negro ainda é
representado de forma estereotipada, ou apresentado como apenas
escravo, e nunca como sujeito histórico. A fim
de situar essa discussão, foi feito uma breve análise do Livro
Didático de Língua Portuguesa do 3º ano do Ensino Médio.
Constatou-se que ao todo são 19 páginas identificadas no tópico de
“A narrativa africana de língua
portuguesa” as quais seriam
destinadas ao cumprimento da Lei.
Essa parte apresenta uma linguagem de fácil entendimento e abertura
para propostas de trabalho por parte do professor. No Livro Didático,
percebe-se déficit de propostas de trabalho e uma superficialidade
no tratamento literário, misturando literatura a questões
étnico-raciais. Assuntos abrangentes e muito próximos da realidade
escolar que merecem uma abordagem mais aprofundada, assim como a
gramática ou o barroco. A única proposta de exercício que se
entende cumprir a Lei é curto e divergente. Pressupõe que a
literatura africana trata apenas a questão racial ofuscando sua
beleza literária, além da presença maçante de escritores
literários brancos. Tal questão pode induzir a afirmações de
estereótipos e preconceitos pela falta de clareza, também por parte
do professor que, por sua vez, pode não estar bem informado a
respeito do assunto e tomar atitudes que vão contra as ações
afirmativas.
(...)
o silêncio da escola sobre as dinâmicas das relações raciais tem
permitido que seja transmitida aos(as) alunos(as) uma pretensa
superioridade branca, sem que haja questionamento desse problema por
parte dos(as) profissionais da educação e envolvendo o cotidiano
escolar em práticas prejudiciais ao grupo negro. Silencia-se diante
do problema não apaga magicamente as diferenças, pelo contrário,
permite que cada um construa, a seu modo, um entendimento muitas
vezes estereotipado do outro que lhe é diferente. Esse entendimento
acaba sendo pautado pelas vivencias sociais de modo acrítico,
conformando a divisão e a hierarquização raciais. (Orientações
Etnico-raciais. MEC, 2006, p. 23)
Ainda analisando os
livros didáticos, vários erros equivocados na historiografia de
alguns, principalmente quando o assunto é a linguagem e religião.
Se tratando de religião, vemos muitas generalizações como se todos
os países da África compartilhassem do mesmo principio religioso.
Sobre a África Contemporânea as representações em sua maioria se
resumem em negros exercendo trabalhos subalternos, doenças, pobreza
extrema. Essas representações não se resumem apenas aos africanos,
os afro-brasileiros quando são representados também estão sempre
em situações inferiores de trabalho, ligados ao crime entre outras
práticas degradantes. Quando este é representado com uma imagem
positiva é sempre relativo a um perfil estereotipado, jogadores de
futebol e esportistas em geral, música, geralmente no contexto
popular, produtores de subcultura.
Os tipos de imagem
transmitida nos livros didáticos são de grande importância para um
ensino que mostre todas as características culturais do país, já
que é esse o principal instrumento de formação dos alunos,
especialmente nas escolas públicas, onde o número de alunos negros
é maior. Vejamos o que Kabengele Munanga diz sobre o assunto:
O
preconceito inculcado na cabeça do professor e sua incapacidade de
lidar profissionalmente com a diversidade, somando-se ao conteúdo
preconceituoso dos livros e materiais didáticos e as relações
preconceituosas entre alunos de diferentes ascendências
étnico-raciais, sociais e outras, desestimulam o aluno negro e
prejudicam seu aprendizado. (Munanga
p. 16)
A escola como instituição que
deve formar cidadão para atuar na sociedade tem que estar despida de
qualquer tipo de preconceito, é nela que as crianças se formam e
que tem o primeiro contato com pessoas diferentes fisicamente,
economicamente etc. Precisamos de professores bem formados e que
tenham sensibilidade de incluir os excluídos, para que estes se
entendam como cidadãos no sentido mais amplo da palavra, para que a
democracia seja mais que racial, para que seja social.
Por
isso o cumprimento da lei 10.639/2003 é só um dos passos de
transformação dessa nação, que já tem heranças muito fortes,
tanto do povo africano como do povo indígena. Precisamos que as
nossas crianças se reconheçam nos livros didáticos, nos programas
de televisão, na literatura e em todos os meios existentes que
ajudem na formação cidadã. A nossa Universidade foi durante anos,
pensada por uma elite branca para uma elite branca, por isso a
necessidade emergencial que esse ambiente seja pensado por todos e
para todos sem distinção de classe, cor ou religião.
A
Introdução da História Cultura e Literatura Africana de
Guiné-Bissau e a etnia Balanta servirá apenas como um ponto de
partida, para que estudantes possam estabelecer relações no
aprendizado. Destacar a consciência de que os povos dos quais
descendem estão em uma estrutura organizada. Esperamos ainda que,
através do estudo de uma etnia específica, possam despertar o
interesse em conhecer também outras etnias e povos africanos, bem
como aprofundar estudos e se (re)conhecer afirmativamente como
descendentes afro-brasileiros.
Metodologia
Nosso projeto se desenvolverá
na Escola Estadual “Dom Benevides” na cidade de Mariana-MG,
especificamente com as turmas do 3º “A” (manhã) e 3“B”
(noite). A primeira, por ser uma turma pequena (11 alunos),
observamos que há uma facilidade de construir um diálogo, o que os
torna mais participativos. Já a segunda, é uma turma maior (33
alunos) mais apática e com sérios problemas de freqüência (pois
todos conciliam trabalho e escola). Trabalharemos com a cultura, a
história e a literatura guineense da etnia Balanta, País Africano
de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
A partir do diagnóstico
realizado no ano de 2012, constatou-se que a maioria dos estudantes
da escola se reconheceram negros. Como sabemos que nesta escola
ocorrem conflitos raciais, tornou-se importante discutir uma das
propostas apresentadas pelo DCN (Diretrizes Curriculares Nacionais):
Reconhecer exige que
os estabelecimentos de ensino, freqüentados em sua maioria por
população negra, contem com instalações e equipamentos sólidos,
atualizados, com professores competentes no domínio dos conteúdos
de ensino, comprometidos com a educação de negros e brancos, no
sentido de que venham a relacionar-se com respeito, sendo capazes de
corrigir posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e
discriminação. (p.12)
Além disso, com o
objetivo de cumprir a lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino
de História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas
públicas e privadas, o nosso subprojeto, através de ações
afirmativas, se propõe a aproximar a realidade de vida dos
estudantes às vitórias do Movimento Negro no Brasil.
Para
iniciar, apresentaremos aspectos geográficos gerais do continente
africano, dando foco no país Guiné-Bissau, situado na costa oeste
da África. Após, focalizaremos aspectos Balantas, através de
mapas, imagens, vídeos, músicas, artesanatos, dança, literatura
entre outras mediações possíveis. Este primeiro momento servirá
também para desmistificar a ideia que a maioria das pessoas (por
falta de informação) tem de que a África é apenas um país,
ignorando a sua pluralidade.
Para situar a África,
geograficamente, levaremos o globo terrestre e slides com o mapa de
Guiné-Bissau destacando a região de maior concentração da etnia
Balanta. Depois disso, apresentaremos, através de pesquisas na sala
de informática da escola, aspectos linguísticos herdados da África.
A pesquisa envolverá supervisora, bolsistas e alunos. Para
compreendermos melhor a história deste povo e embasarmos o nosso
trabalho teoricamente, utilizaremos como fontes de pesquisa os livros Identidade Cultural do Povo Balanta, Salvatore Cammilleri; Culturas Africanas e Afro-brasileiras em sala de Aula, Renata Felinto; O desafio do escombro: nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau, Moema Parente Augel; além dos livros didáticos utilizados pelos professores em sala de aula. Como fonte nativa utilizaremos artigos da Revista Soronda de Guiné-Bissau e ainda artigos acadêmicos brasileiros.
Iremos ministrar aulas sob a supervisão da professora Aline Ângela de Jesus, de Língua Portuguesa, abordando as principais características da etnia escolhida, tentando assim aproximá-los dessa pequena parte do continente africano. Para isso, tentaremos através de recursos audiovisuais, mostrar aspectos do cotidiano urbano, contrariando a imagem estereotipada que associa a África ao exótico e ao selvagem. Ao mesmo tempo, procuraremos destacar a forma de transmissão de cultura através da dança e da religião, mostrando que para a maioria dos africanos corpo e mente não são dissociados. Tentaremos envolver os alunos elaborando jogos teatrais, para estimular a consciência corporal, através de oficinas de ludicidade africana.
Iremos ministrar aulas sob a supervisão da professora Aline Ângela de Jesus, de Língua Portuguesa, abordando as principais características da etnia escolhida, tentando assim aproximá-los dessa pequena parte do continente africano. Para isso, tentaremos através de recursos audiovisuais, mostrar aspectos do cotidiano urbano, contrariando a imagem estereotipada que associa a África ao exótico e ao selvagem. Ao mesmo tempo, procuraremos destacar a forma de transmissão de cultura através da dança e da religião, mostrando que para a maioria dos africanos corpo e mente não são dissociados. Tentaremos envolver os alunos elaborando jogos teatrais, para estimular a consciência corporal, através de oficinas de ludicidade africana.
Com
atividade que abrangerá não só as duas turmas escolhidas, mas
também a comunidade escolar, almejamos realizar oficinas, saraus,
feira cultural e destacar a importância das datas comemorativas que
possa dialogar com a nossa temática, assim como já foi realizado
pelo grupo do PIBID-PED-UFOP, em 20 de novembro de 2012 dia da
Consciência Negra.
Visitar espaços culturais da
região dos inconfidentes, bem como outros no âmbito nacional que
por ventura venham a interessar à temática. Na região de Mariana e
Ouro Preto pretendemos realizar visita nos seguintes espaços:
Casa
dos Contos – Como a construção de um espaço pode moldar e
formar um pensamento homogêneo? Como (des)construir este pensamento?
“Espaço, nesse sentido, é o lugar de onde se fala ou se cala,
lugar carregado de subjetividade, de relações vitais e sociais
concretas, palco dos rituais que compõem a cultura escolar.”
(CARDOSO. 2010). Esta visita será guiada por um pesquisador do curso
de museologia, Rodrigo Martins, que estuda a representação do negro
dentro deste tipo de instituição.
Mina
do Chico Rei – A partir da história deste personagem poderemos
abordar como se deu a construção da província de Vila Rica (atual
Ouro Preto) através da mineração que era realizada por intermédio
da mão de obra dos escravizados. Procurando mostrar como a luta de
Chico Rei representa uma manifestação de resistência ao sistema
escravista.
Biblioteca Municipal de
Mariana – Conhecer e destacar a disponibilidade do acervo, bem
como os livros de literatura africana disponíveis para empréstimo,
incentivando a leitura.
Trilha
Sensorial por Ouro Preto – É uma caminhada pelos pontos
turísticos da cidade de Ouro Preto, acompanhada por um historiador
que destaca a importância histórica da cidade, bem como os aspectos
naturais. Experiência essa que promove um novo olhar sobre esse
patrimônio histórico e cultural e motivando a preservação da
cidade.
Passeio
turístico por Mariana – Junto com um guia turístico
habilitado realizaremos um passeio por Mariana, ressaltando seus
aspectos históricos e culturais, em parceria com a coordenadora do
projeto Kassandra Muniz que contemplaria o grupo e os alunos com o
conhecimento que possui sobre a história, cultura, religiosidade e
literatura. A diversidade cultural de Mariana é uma das riquezas e
um dos patrimônios mais importantes do Brasil.
Estes passeios têm como objetivo ampliar os horizontes culturais, valorizando o que há na região, mostrando a importância que essas cidades têm no cenário nacional, que por vezes não são percebidos por aqueles que nasceram e vivem no lugar. Essas características que serão ressaltadas visam trazer de forma positiva a importância do negro para a transformação e construção da sociedade, principalmente na região dos Inconfidentes. Dialogando com a temática abordada, mostrando como ocorreu o sincretismo cultural entre o continente africano e o Brasil.
Pretendemos também realizar visitas técnicas no Museu Afro Brasil e no Museu da Língua Portuguesa na cidade de São Paulo.
Museu Afro Brasil - Conserva um acervo com mais de cinco mil obras, abordando temas como religião, artes, literatura, o trabalho, a diáspora e a escravidão, temas estes que registram a trajetória histórica e as influências dos africanos na construção da sociedade brasileira.
Museu da Lingua Portuguesa - Tem como um dos objetivos favorecer e valorizar o intercâmbio entre os diversos países de língua portuguesa entre eles os PALOP'S. Agregando recursos áudio-visuais e interativos para apresentação dos conteúdos. Dispõe de um vasto acervo bibliográfico literário, que por vezes não se encontram disponíveis em bibliotecas desta região, bem como os registros linguísticos de africanos e indígenas que influenciaram a nossa língua portuguesa.
Estes passeios reforçariam as visitas anteriores e ampliariam as características de Identidade e Cultura em um âmbito patrimonial. Proporcionando o contato dos estudantes com o tema, mostrando que este é abordado em diversos lugares do nosso país.
Estes passeios têm como objetivo ampliar os horizontes culturais, valorizando o que há na região, mostrando a importância que essas cidades têm no cenário nacional, que por vezes não são percebidos por aqueles que nasceram e vivem no lugar. Essas características que serão ressaltadas visam trazer de forma positiva a importância do negro para a transformação e construção da sociedade, principalmente na região dos Inconfidentes. Dialogando com a temática abordada, mostrando como ocorreu o sincretismo cultural entre o continente africano e o Brasil.
Pretendemos também realizar visitas técnicas no Museu Afro Brasil e no Museu da Língua Portuguesa na cidade de São Paulo.
Museu Afro Brasil - Conserva um acervo com mais de cinco mil obras, abordando temas como religião, artes, literatura, o trabalho, a diáspora e a escravidão, temas estes que registram a trajetória histórica e as influências dos africanos na construção da sociedade brasileira.
Museu da Lingua Portuguesa - Tem como um dos objetivos favorecer e valorizar o intercâmbio entre os diversos países de língua portuguesa entre eles os PALOP'S. Agregando recursos áudio-visuais e interativos para apresentação dos conteúdos. Dispõe de um vasto acervo bibliográfico literário, que por vezes não se encontram disponíveis em bibliotecas desta região, bem como os registros linguísticos de africanos e indígenas que influenciaram a nossa língua portuguesa.
Estes passeios reforçariam as visitas anteriores e ampliariam as características de Identidade e Cultura em um âmbito patrimonial. Proporcionando o contato dos estudantes com o tema, mostrando que este é abordado em diversos lugares do nosso país.
Referência
Bibliográfica
- ABAURRE,
Maria Luiza M; ABAURRE, Maria Bernadete M; PONTARA,
Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. São
Paulo: Moderna, 2008, 3º vol.
Anais
do II Seminário de Acompanhamento das Atividades do PIBID/UFU, 1ª.
Edição, Vol. 1, n.1, 2012, UFU (Universidade Federal de
Uberlândia), 2012.
- CARDOSO, Terezinha Maria. Organização Escolar. - 1 ed. - Florianópolis: BIOLOGIA/EAD/UFSC, 2012.
-
Declaração Universal dos direitos humanos, 1998, Construtores de
cidadania. Oficina Nova América, 2007.
-
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Étnico-Raciais
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Cultura Afro-Brasileira e Africana . Brasília – DF, Outubro, 2004.
- Ministério da Educação /
Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.
Orientações e Ações para Educação das
Relações Étnico-Raciais Brasília: SECAD, 2006.
- MUNANGA, Kabengele.
Apresentação. In: Superando o racismo nas escolas (org.).
Brasília: SECAD/MEC, 2005.
-
Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais
Brasília: SECAD, 2006.
-
PEREIRA, Amauri Mendes. Por que estudar a história da África? 1.
Ed. - Rio de Janeiro: CEAP, 2006.
- ROCHA,
Glauber Henrique Correa. Dificuldades para
implementação da lei 10.639: A influência dos valores religiosos
sobre os temas apresentados no texto da lei, In.
RevistaTamoios-- Departamento de Geografia da UERJ-FFP ano VII, n. 1,
2011.
- SILVA, Petronilha Beatriz
Gonçalves e. Formação da identidade e socialização no Limoeiro.
Cad. Pesqui., São Paulo, n. 63, nov. 1987
Disponível em
.
acessado em 19 fev. 2013.
1 - Balantas (palavra
que significa literalmente "aqueles
que resistem")
um grupo
étnico localizado
em Guiné-Bissau
e alguns outros países da Costa Africana.
É o maior grupo étnico da Guiné-Bissau, representando mais de 25%
da população total do país, apesar de ser a maioria em números
isso não significa que são o grupo com mais representatividade
política no país. No entanto, mantiveram-se sempre fora do estado
colonial e pós-colonial, devido à sua organização social. Os
balantas podem ser divididos em seis subgrupos: balantas bravos,
balantas cunantes, balantas de dentro, balantas de fora, balantas
manés e balantas nagas. Uma explanação mais detalhada sobre a
etnia será desenvolvida no corpo do projeto.
2 - Para
mais informações ler Artigo 3 e 15 da LDB.
3 - Artigo
da Revista Tamoio- Departamento de Geografia da UERJ-FFP ano VII, n.
1, 2011; Dificuldades
para implementação da lei 10.639: A influência dos valores
religiosos sobre os temas apresentados no texto da lei, Glauber
Henrique Corrêa Rocha.
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