segunda-feira, 25 de março de 2013

Nosso Projeto


Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
Projeto de Estímulo à Docência Interdisciplinar
História, Literatura e Cultura Africana e Afro-brasileira‏








GUINÉ BISSAU: UM OLHAR INTERDISCIPLINAR SOBRE A PERSPECTIVA DOS BALANTAS.














Christineide Ferreira Lemos Nakagawa
Edgleice Santos da Silva
Felipe Datti Dias
Gislaine Maria Antunes Barbosa
Nathália Pereira de Araújo



















“Enegrecer o mundo, eis o nosso motivo. Enegrecer não como antônimo de embranquecer, portanto, não para absorver o branco.
Enegrecer, maneira própria de os negros se porem no mundo ao receberem o mundo em si.
Enegrecer face a face em que negro e branco se espelham, se comunicam, sem deixar de ser cada um o que é.” (SILVA, P. 1987, p.147)

Introdução
A Escola Estadual Dom Benevides está situada na Praça Dom Benevides, número 23 no centro da cidade de Mariana, seu centenário foi comemorado no ano de 2009. Situada inicialmente no prédio da Câmara Municipal foi a primeira escola da cidade inaugurada pelo nome com “Grupo Escolar de Mariana” localizada na Praça Minas Gerais. Em 2012, atendia cerca de 350 alunos, do ensino infantil ao ensino médio e sua nota do IDEB - Índice de Desenvolvimento da Escola Básica- de 3,2 os que é considerada uma baixa nota pelos órgão do Governo Federal.
Com uma história muito especial, por ser um patrimônio histórico da cidade, é fonte de pesquisas também por parte dos professores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mesmo sendo uma escola central, parte significante do seu corpo discente é oriunda de bairros mais distante do centro e totalmente discriminada por parte da população de Mariana. Vários estigmas cerceiam a escola, e esses foram um dos motivos da escolha da coordenadoria em trabalhar em especificamente neste local.
A proposta deste projeto é desmistificar alguns estereótipos criados pela sociedade brasileira sobre o povo negro no Brasil e na África, com base em documentos como: as Leis de Diretrizes e Bases (LDB), fomentada em 1996 que teve uma alteração da qual resultou a Lei 10.639/2003; tornando obrigatório o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana em todos os níveis da educação. Tendo como apoio também as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, pretendemos abordar questões relacionadas à identidade dos alunos, posto que a escola é composta, em sua maioria de alunos negros, vê-se a importância dessa ação de forma mais urgente.
Para aproximar os alunos do continente africano, procuraremos trabalhar com a etnia Balanta1 de Guiné Bissau que foi escolhida por ser um símbolo de resistência contra a colonização Portuguesa, fazendo sempre um paralelo com as características que nos difere, mas principalmente que nos assemelha, mostrando os aspectos positivos da história do povo negro. Procurando assim, despertar os alunos para uma nova perspectiva, ampliando o que os livros didáticos atuais apresentam.




Objetivo Geral:

Apresentar as características da África, (especificamente de Guiné-Bissau), através da etnia Balanta daquilo que herdamos e que conseguimos identificar em nossa cultura.

Objetivos Específicos:

  • Estabelecer conexões entre a Lei 10639/03 e a prática escolar quando esta se refere a obrigatoriedade do ensino de África nas escolas;
  • Trabalhar a memória e identidade dos Balantas por meio dos signos corporais tais como nos rituais, língua e linguagem;
  • Divulgar a cultura Balanta hábitos alimentares, religião, calendário, lazer, etc.
  • Introduzir e analisar as artes, seus significados e utilidades;
  • Destacar algumas personalidades na sociedade guineense;


Justificativa

Estudar o continente africano de um modo geral é uma tarefa muito complexa, pois este território é composto por uma imensa diversidade cultural. Sendo assim, decidiu-se abordar uma etnia localizada em Guiné Bissau. A partir de uma análise mais aprofundada, iremos destacar algumas questões principais como: contato com os europeus, organização política e social, cultura, religião, arte (dança, música, educação, artes plásticas etc.), literatura e linguagem.
Há uma dificuldade nas salas de aula em tratar do tema África/africanos/afro-brasileiro. Através do estudo de uma etnia, traçaremos um caminho para tentar compreender tais temas e a dinâmica deste imenso continente. O PIBID-PED História, Cultura e Literatura Africana e Afro-brasileira se propõem a ser uma ferramenta que auxilia a escola a cumprir a Lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e africana, uma vez que outrora;

(...) O Decreto nº 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia que nas escolas públicas do país não seriam admitidos escravos, e a previsão de instrução para adultos negros dependia da disponibilidade de professores. O Decreto nº 7.031-A, de 6 de setembro de 1878, estabelecia que os negros só podiam estudar no período noturno e diversas estratégias foram montadas no sentido de impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares.

A escolha da Escola Estadual Dom Benevides se deu por possuir um estigma negativo dentro da sociedade marianense. O fato de possuir uma grande porcentagem de estudantes negros, moradores da periferia e ainda, de esses estudantes não terem consciência de sua negritude, tese comprovada através de diagnóstico que foi resultado do questionário formulado e aplicado pelo grupo PIBID-PED AFRO aos estudantes dessa escola. Comprovamos que a escola ainda não conseguiu se adequar para o cumprimento da Lei, o qual deve ser exigido pela suma importância para o real funcionamento da “educação que promova o ser humano na sua integridade, estimulando a formação de valores, hábitos e comportamentos que respeitem as diferenças e as características próprias dos grupos e minorias”(LDB). Pensando em democracia logo nos voltamos para articulação entre direitos e deveres para a construção do bem comum, ou seja, a vontade coletiva. Isto consecutivamente cria uma cultura própria dentro da escola tornando-a mais orgânica e natural, não precisando ser imposta de fora para dentro, assim a comunidade escolar se sente mais a vontade, o estudante desenvolve habilidades específicas, cria a capacidade de tomar decisões compartilhadas2.
Fica clara a importância de uma gestão democrática e participativa de toda a comunidade escolar decreta no artigo 3º da LDB nos incisos:
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;(...)

A população negra historicamente enfrenta dificuldades para o acesso e a permanência nas escolas. De acordo com a Constituição de 1988, Art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Este artigo da constituição dialoga com a proposta do PIBID Afro que tem como um dos objetivos o intercâmbio entre a comunidade da cidade e a comunidade escolar, visando assim universalizar a educação minimizando as dificuldades daquelas populações em relação à escola. O parecer do DCN´s (Diretrizes Curriculares Nacionais) para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

Destina-se, também, às famílias dos estudantes, a eles próprios e a todos os cidadãos comprometidos com a educação dos brasileiros, para neles buscarem orientações, quando pretenderem dialogar com os sistemas de ensino, escolas e educadores, no que diz respeito às relações étnico-raciais, ao reconhecimento e valorização da história e cultura dos afro-brasileiros, à diversidade da nação brasileira, ao igual direito à educação de qualidade, isto é, não apenas direito ao estudo, mas também à formação para a cidadania responsável pela construção de uma sociedade justa e democrática.

Alguns trabalhos e pesquisas divulgados nos meios de comunicação vêm mostrando que o racismo em nossa sociedade tem como um de seus resultados o fracasso escolar de alunos e alunas negras. Numa tentativa de minimizar essa realidade, a Lei 10639, em 9 de janeiro de 2003, instituiu uma alteração na LDB e incluiu no currículo oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira” na grade de formação dos alunos das escolas.
Com a conquista da Lei pelo Movimento Negro, este vem apresentando propostas teóricas e pedagógicas, proporcionando a escola e professores elaborarem projetos de estímulos às ações afirmativas negras, valorizando sua história e cultura. O Governo procura apoiar esse movimento e incluiu, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como uma data comemorativa. Um ponto de conflito seria a forma como se comemora essa data, levando em consideração a consistência e envolvimento dos atores da Escola. Isso pode ser constatado com a simples pergunta: o que se comemora no dia 20 de novembro? Embora algumas datas sejam fortemente lembradas, principalmente através do comércio, como o caso do natal, páscoa, dia das crianças e das mães, o “Dia da Consciência Negra” é um dia que não gera lucro financeiro e que, talvez por isso, seu apagamento.
Um apoio aos universitários são os NEABs (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros), que tratam de assuntos afirmativos e que buscam políticas antidiscriminatórias e antirracistas e disseminam, entre os estudantes, sementes na intenção de frutos pedagógicos que promovem a formação de professores no cumprimento das diretrizes. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é a pioneira com o projeto do PIBID, vinculado ao NEAB e à PROGRAD-UFU voltado para a temática História e Cultura Afro-brasileira, sendo também interdisciplinar e atuando nas escolas estaduais e municipais da cidade. Trabalhando desde 2010, inicialmente com dificuldades de adentrar com esse tema em algumas escolas, mas agora já com resultados positivos na comunidade, Guimes Rodrigues Filho, coordenador do projeto ressalta alguns pontos dessa experiência;


A sensibilização deu consistência para o reconhecimento e reflexões sobre o preconceito racial presente no ambiente escolar tanto para os bolsista do PIBID, em maior grau como para os discentes da escola. As sensibilizações foram transportadas para as salas de aula onde os alunos produziram textos falando sobre a mesma. O resultado geral foi que os alunos compreenderam que existe uma prática de racismo no cotidiano escolar.(...) Outro resultado relevante foi a reflexão crítica sobre o papel da universidade na formação dos futuros profissionais da educação feita pelos bolsistas discentes. Nesse sentido, foi destacado que no PIBID há a oportunidade real de se construir um plano de ação pedagógica a partir do conhecimento da realidade da escola, já que o Estágio Supervisionado é uma prática restrita à sala de aula. p. (ANAIS DO II SEMINÁRIO DE ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES DO PIBID/UFU)

Esses resultados positivos apresentados pelos envolvidos no PIBID-UFU demonstra a importância desse projeto também ser inseridos na cidade de Mariana. Onde a comunidade escolar é composta por uma maioria de alunos negros, o qual também encontrará os estigmas identificados pelo grupo da UFU.
A Historiografia sobre a África é muito extensa atualmente, principalmente em países como os Estados Unidos e França e países do continente Africano. No Brasil, o governo já disponibilizou cursos gratuitos para professores da rede pública, para que esse conhecimento seja revertido nas salas de aula. As religiões institucionalizadas são um dos fatores que dificultam o trabalho de alguns professores na desmistificação da visão deturpada que ao longo de anos, formaram o pensamento do brasileiro. Não é rara a confusão que ocorre principalmente quando se tenta explicar as filosofias africanas (que são muitas, dito que o continente é extenso e multicultural), pois esses se confrontam com os valores morais inculcados na nossa sociedade. 3
Essa visão europeia perpetuada no Brasil faz com que a cultura africana e suas influências na nossa sociedade sejam marginalizadas, a Lei justamente foi disposta com o propósito de trazer uma relação mais abrangente com esse continente ao qual temos identificação nata.
Podemos colocar também em questionamento se em uma época onde nos deparamos com tantos aparatos tecnológicos, o uso do livro didático (inicialmente idealizado por Comenius, Didática Magna [1631], que serviu para atender uma necessidade da sua época), se faz realmente indispensável. Porém, é esse o modelo que ainda é utilizado em nosso país. Ao analisarmos os livros didáticos (mesmo depois da vigência da Lei), podemos constatar que o negro ainda é representado de forma estereotipada, ou apresentado como apenas escravo, e nunca como sujeito histórico. A fim de situar essa discussão, foi feito uma breve análise do Livro Didático de Língua Portuguesa do 3º ano do Ensino Médio. Constatou-se que ao todo são 19 páginas identificadas no tópico de “A narrativa africana de língua portuguesa” as quais seriam destinadas ao cumprimento da Lei. Essa parte apresenta uma linguagem de fácil entendimento e abertura para propostas de trabalho por parte do professor. No Livro Didático, percebe-se déficit de propostas de trabalho e uma superficialidade no tratamento literário, misturando literatura a questões étnico-raciais. Assuntos abrangentes e muito próximos da realidade escolar que merecem uma abordagem mais aprofundada, assim como a gramática ou o barroco. A única proposta de exercício que se entende cumprir a Lei é curto e divergente. Pressupõe que a literatura africana trata apenas a questão racial ofuscando sua beleza literária, além da presença maçante de escritores literários brancos. Tal questão pode induzir a afirmações de estereótipos e preconceitos pela falta de clareza, também por parte do professor que, por sua vez, pode não estar bem informado a respeito do assunto e tomar atitudes que vão contra as ações afirmativas.

(...) o silêncio da escola sobre as dinâmicas das relações raciais tem permitido que seja transmitida aos(as) alunos(as) uma pretensa superioridade branca, sem que haja questionamento desse problema por parte dos(as) profissionais da educação e envolvendo o cotidiano escolar em práticas prejudiciais ao grupo negro. Silencia-se diante do problema não apaga magicamente as diferenças, pelo contrário, permite que cada um construa, a seu modo, um entendimento muitas vezes estereotipado do outro que lhe é diferente. Esse entendimento acaba sendo pautado pelas vivencias sociais de modo acrítico, conformando a divisão e a hierarquização raciais. (Orientações Etnico-raciais. MEC, 2006, p. 23)


Ainda analisando os livros didáticos, vários erros equivocados na historiografia de alguns, principalmente quando o assunto é a linguagem e religião. Se tratando de religião, vemos muitas generalizações como se todos os países da África compartilhassem do mesmo principio religioso. Sobre a África Contemporânea as representações em sua maioria se resumem em negros exercendo trabalhos subalternos, doenças, pobreza extrema. Essas representações não se resumem apenas aos africanos, os afro-brasileiros quando são representados também estão sempre em situações inferiores de trabalho, ligados ao crime entre outras práticas degradantes. Quando este é representado com uma imagem positiva é sempre relativo a um perfil estereotipado, jogadores de futebol e esportistas em geral, música, geralmente no contexto popular, produtores de subcultura.
Os tipos de imagem transmitida nos livros didáticos são de grande importância para um ensino que mostre todas as características culturais do país, já que é esse o principal instrumento de formação dos alunos, especialmente nas escolas públicas, onde o número de alunos negros é maior. Vejamos o que Kabengele Munanga diz sobre o assunto:

O preconceito inculcado na cabeça do professor e sua incapacidade de lidar profissionalmente com a diversidade, somando-se ao conteúdo preconceituoso dos livros e materiais didáticos e as relações preconceituosas entre alunos de diferentes ascendências étnico-raciais, sociais e outras, desestimulam o aluno negro e prejudicam seu aprendizado. (Munanga p. 16)

A escola como instituição que deve formar cidadão para atuar na sociedade tem que estar despida de qualquer tipo de preconceito, é nela que as crianças se formam e que tem o primeiro contato com pessoas diferentes fisicamente, economicamente etc. Precisamos de professores bem formados e que tenham sensibilidade de incluir os excluídos, para que estes se entendam como cidadãos no sentido mais amplo da palavra, para que a democracia seja mais que racial, para que seja social.
Por isso o cumprimento da lei 10.639/2003 é só um dos passos de transformação dessa nação, que já tem heranças muito fortes, tanto do povo africano como do povo indígena. Precisamos que as nossas crianças se reconheçam nos livros didáticos, nos programas de televisão, na literatura e em todos os meios existentes que ajudem na formação cidadã. A nossa Universidade foi durante anos, pensada por uma elite branca para uma elite branca, por isso a necessidade emergencial que esse ambiente seja pensado por todos e para todos sem distinção de classe, cor ou religião.
A Introdução da História Cultura e Literatura Africana de Guiné-Bissau e a etnia Balanta servirá apenas como um ponto de partida, para que estudantes possam estabelecer relações no aprendizado. Destacar a consciência de que os povos dos quais descendem estão em uma estrutura organizada. Esperamos ainda que, através do estudo de uma etnia específica, possam despertar o interesse em conhecer também outras etnias e povos africanos, bem como aprofundar estudos e se (re)conhecer afirmativamente como descendentes afro-brasileiros.

Metodologia


Nosso projeto se desenvolverá na Escola Estadual “Dom Benevides” na cidade de Mariana-MG, especificamente com as turmas do 3º “A” (manhã) e 3“B” (noite). A primeira, por ser uma turma pequena (11 alunos), observamos que há uma facilidade de construir um diálogo, o que os torna mais participativos. Já a segunda, é uma turma maior (33 alunos) mais apática e com sérios problemas de freqüência (pois todos conciliam trabalho e escola). Trabalharemos com a cultura, a história e a literatura guineense da etnia Balanta, País Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
A partir do diagnóstico realizado no ano de 2012, constatou-se que a maioria dos estudantes da escola se reconheceram negros. Como sabemos que nesta escola ocorrem conflitos raciais, tornou-se importante discutir uma das propostas apresentadas pelo DCN (Diretrizes Curriculares Nacionais):
Reconhecer exige que os estabelecimentos de ensino, freqüentados em sua maioria por população negra, contem com instalações e equipamentos sólidos, atualizados, com professores competentes no domínio dos conteúdos de ensino, comprometidos com a educação de negros e brancos, no sentido de que venham a relacionar-se com respeito, sendo capazes de corrigir posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e discriminação. (p.12)


Além disso, com o objetivo de cumprir a lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas públicas e privadas, o nosso subprojeto, através de ações afirmativas, se propõe a aproximar a realidade de vida dos estudantes às vitórias do Movimento Negro no Brasil.
Para iniciar, apresentaremos aspectos geográficos gerais do continente africano, dando foco no país Guiné-Bissau, situado na costa oeste da África. Após, focalizaremos aspectos Balantas, através de mapas, imagens, vídeos, músicas, artesanatos, dança, literatura entre outras mediações possíveis. Este primeiro momento servirá também para desmistificar a ideia que a maioria das pessoas (por falta de informação) tem de que a África é apenas um país, ignorando a sua pluralidade.
Para situar a África, geograficamente, levaremos o globo terrestre e slides com o mapa de Guiné-Bissau destacando a região de maior concentração da etnia Balanta. Depois disso, apresentaremos, através de pesquisas na sala de informática da escola, aspectos linguísticos herdados da África. A pesquisa envolverá supervisora, bolsistas e alunos. Para compreendermos melhor a história deste povo e embasarmos o nosso trabalho teoricamente, utilizaremos como fontes de pesquisa os livros Identidade Cultural do Povo Balanta, Salvatore Cammilleri; Culturas Africanas e Afro-brasileiras em sala de Aula, Renata Felinto; O desafio do escombro: nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau, Moema Parente Augel; além dos livros didáticos utilizados pelos professores em sala de aula. Como fonte nativa utilizaremos artigos da Revista Soronda de Guiné-Bissau e ainda artigos acadêmicos brasileiros. 
Iremos ministrar aulas sob a supervisão da professora Aline Ângela de Jesus, de Língua Portuguesa, abordando as principais características da etnia escolhida, tentando assim aproximá-los dessa pequena parte do continente africano. Para isso, tentaremos através de recursos audiovisuais, mostrar aspectos do cotidiano urbano, contrariando a imagem estereotipada que associa a África ao exótico e ao selvagem. Ao mesmo tempo, procuraremos destacar a forma de transmissão de cultura através da dança e da religião, mostrando que para a maioria dos africanos corpo e mente não são dissociados. Tentaremos envolver os alunos elaborando jogos teatrais, para estimular a consciência corporal, através de oficinas de ludicidade africana.
Com atividade que abrangerá não só as duas turmas escolhidas, mas também a comunidade escolar, almejamos realizar oficinas, saraus, feira cultural e destacar a importância das datas comemorativas que possa dialogar com a nossa temática, assim como já foi realizado pelo grupo do PIBID-PED-UFOP, em 20 de novembro de 2012 dia da Consciência Negra.
Visitar espaços culturais da região dos inconfidentes, bem como outros no âmbito nacional que por ventura venham a interessar à temática. Na região de Mariana e Ouro Preto pretendemos realizar visita nos seguintes espaços:
Casa dos Contos – Como a construção de um espaço pode moldar e formar um pensamento homogêneo? Como (des)construir este pensamento? “Espaço, nesse sentido, é o lugar de onde se fala ou se cala, lugar carregado de subjetividade, de relações vitais e sociais concretas, palco dos rituais que compõem a cultura escolar.” (CARDOSO. 2010). Esta visita será guiada por um pesquisador do curso de museologia, Rodrigo Martins, que estuda a representação do negro dentro deste tipo de instituição.
Mina do Chico Rei – A partir da história deste personagem poderemos abordar como se deu a construção da província de Vila Rica (atual Ouro Preto) através da mineração que era realizada por intermédio da mão de obra dos escravizados. Procurando mostrar como a luta de Chico Rei representa uma manifestação de resistência ao sistema escravista.
Biblioteca Municipal de Mariana – Conhecer e destacar a disponibilidade do acervo, bem como os livros de literatura africana disponíveis para empréstimo, incentivando a leitura.
Trilha Sensorial por Ouro Preto – É uma caminhada pelos pontos turísticos da cidade de Ouro Preto, acompanhada por um historiador que destaca a importância histórica da cidade, bem como os aspectos naturais. Experiência essa que promove um novo olhar sobre esse patrimônio histórico e cultural e motivando a preservação da cidade.
Passeio turístico por Mariana – Junto com um guia turístico habilitado realizaremos um passeio por Mariana, ressaltando seus aspectos históricos e culturais, em parceria com a coordenadora do projeto Kassandra Muniz que contemplaria o grupo e os alunos com o conhecimento que possui sobre a história, cultura, religiosidade e literatura. A diversidade cultural de Mariana é uma das riquezas e um dos patrimônios mais importantes do Brasil.
Estes passeios têm como objetivo ampliar os horizontes culturais, valorizando o que há na região, mostrando a importância que essas cidades têm no cenário nacional, que por vezes não são percebidos por aqueles que nasceram e vivem no lugar. Essas características que serão ressaltadas visam trazer de forma positiva a importância do negro para a transformação e construção da sociedade, principalmente na região dos Inconfidentes. Dialogando com a temática abordada, mostrando como ocorreu o sincretismo cultural entre o continente africano e o Brasil.
Pretendemos também realizar visitas técnicas no Museu Afro Brasil e no Museu da Língua Portuguesa na cidade de São Paulo. 
Museu Afro Brasil - Conserva um acervo com mais de cinco mil obras, abordando temas como religião, artes, literatura, o trabalho, a diáspora e a escravidão, temas estes que registram a trajetória histórica e as influências dos africanos na construção da sociedade brasileira. 
Museu da Lingua Portuguesa - Tem como um dos objetivos favorecer e valorizar o intercâmbio entre os diversos países de língua portuguesa entre eles os PALOP'S. Agregando recursos áudio-visuais e interativos para apresentação dos conteúdos. Dispõe de um vasto acervo bibliográfico literário, que por vezes não se encontram disponíveis em bibliotecas desta região, bem como os registros linguísticos de africanos e indígenas que influenciaram a nossa língua portuguesa.
Estes passeios reforçariam as visitas anteriores e ampliariam as características de Identidade e Cultura em um âmbito patrimonial. Proporcionando o contato dos estudantes com o tema, mostrando que este é abordado em diversos lugares do nosso país.



























Referência Bibliográfica

- ABAURRE, Maria Luiza M; ABAURRE, Maria Bernadete M; PONTARA, Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2008, 3º vol.

Anais do II Seminário de Acompanhamento das Atividades do PIBID/UFU, 1ª. Edição, Vol. 1, n.1, 2012, UFU (Universidade Federal de Uberlândia), 2012.

- CARDOSO, Terezinha Maria. Organização Escolar. - 1 ed. - Florianópolis: BIOLOGIA/EAD/UFSC, 2012.

- Declaração Universal dos direitos humanos, 1998, Construtores de cidadania. Oficina Nova América, 2007.

- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais
e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana . Brasília – DF, Outubro, 2004.

- Ministério da Educação / Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais Brasília: SECAD, 2006.

- MUNANGA, Kabengele. Apresentação. In: Superando o racismo nas escolas (org.). Brasília: SECAD/MEC, 2005.
- Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais Brasília: SECAD, 2006.
- PEREIRA, Amauri Mendes. Por que estudar a história da África? 1. Ed. - Rio de Janeiro: CEAP, 2006.
 - ROCHA, Glauber Henrique Correa. Dificuldades para implementação da lei 10.639: A influência dos valores religiosos sobre os temas apresentados no texto da lei, In. RevistaTamoios-- Departamento de Geografia da UERJ-FFP ano VII, n. 1, 2011.

- SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Formação da identidade e socialização no Limoeiro. Cad. Pesqui.,  São Paulo,  n. 63, nov.  1987   Disponível em . acessado em  19  fev.  2013.  

1 - Balantas (palavra que significa literalmente "aqueles que resistem") um grupo étnico localizado em Guiné-Bissau e alguns outros países da Costa Africana. É o maior grupo étnico da Guiné-Bissau, representando mais de 25% da população total do país, apesar de ser a maioria em números isso não significa que são o grupo com mais representatividade política no país. No entanto, mantiveram-se sempre fora do estado colonial e pós-colonial, devido à sua organização social. Os balantas podem ser divididos em seis subgrupos: balantas bravos, balantas cunantes, balantas de dentro, balantas de fora, balantas manés e balantas nagas. Uma explanação mais detalhada sobre a etnia será desenvolvida no corpo do projeto. 



2 - Para mais informações ler Artigo 3 e 15 da LDB.

3 - Artigo da Revista Tamoio- Departamento de Geografia da UERJ-FFP ano VII, n. 1, 2011; Dificuldades para implementação da lei 10.639: A influência dos valores religiosos sobre os temas apresentados no texto da lei, Glauber Henrique Corrêa Rocha.
Site: http://www.buala.org/pt/afroscreen/filmes-da-africa-e-da-diaspora-imagens-narrativas-musicas-e-discursos 

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